domingo, março 01, 2009

Um plano

Estávamos os quatro à mesa, num momento de paleio profundo pós-jantar. Suponho que o arroz de peixe acompanhado de uma razoável garrafa de vinho propicie este tipo de reflexões, a saber, projectos futuros, o que fazer de válido, de minimamente relevante com os anos que ainda restam. Foi aí que ele disse que por agora iria continuar com a sua vida normal, com a rotina de trabalho. Mas fez questão de acrescentar que não o tencionava fazer para sempre. Era só para poder um dia retirar-se e “poder começar a descobrir o que é que realmente se passa por aí.” Assim o disse textualmente, numa formulação das mais felizes que alguma vez ouvi aplicar a essa fundamental tarefa de qualquer ser humano que se interroga, que se inquieta com a penumbra em que vivemos envoltos. Parar um pouco. Mandar até um pouco o trabalho às urtigas. Começar por fim a examinar, ainda que sob o risco do absoluto insucesso, que vis engendramentos ou verdades luminosas se ocultam sob a superfície. Belíssima ideia.

2 comentários:

Gabriela Coutinho disse...

E a vida é assim mesmo, mudam se as etapas, mas inevitavelmente vamos vivê-las.

sonia a. mascaro disse...

Gostei deste texto... me fez refletir!