Estávamos os quatro à mesa, num momento de paleio profundo pós-jantar. Suponho que o arroz de peixe acompanhado de uma razoável garrafa de vinho propicie este tipo de reflexões, a saber, projectos futuros, o que fazer de válido, de minimamente relevante com os anos que ainda restam. Foi aí que ele disse que por agora iria continuar com a sua vida normal, com a rotina de trabalho. Mas fez questão de acrescentar que não o tencionava fazer para sempre. Era só para poder um dia retirar-se e “poder começar a descobrir o que é que realmente se passa por aí.” Assim o disse textualmente, numa formulação das mais felizes que alguma vez ouvi aplicar a essa fundamental tarefa de qualquer ser humano que se interroga, que se inquieta com a penumbra em que vivemos envoltos. Parar um pouco. Mandar até um pouco o trabalho às urtigas. Começar por fim a examinar, ainda que sob o risco do absoluto insucesso, que vis engendramentos ou verdades luminosas se ocultam sob a superfície. Belíssima ideia.
2 comentários:
E a vida é assim mesmo, mudam se as etapas, mas inevitavelmente vamos vivê-las.
Gostei deste texto... me fez refletir!
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