quinta-feira, setembro 04, 2008

Dia décimo quarto. Lago Balaton


Passadas praticamente duas semanas de termos chegado ao país dos húngaros, decidimos abandonar a capital por alguns dias, em viagem de recreio e cultura às suas regiões contíguas. Primeiro destino: o imenso Lago Balaton, ou Platensee, como é conhecido na rude língua germânica, largamente representada pelos milhares de turistas alemães que até aqui se têm deslocado ao longo das décadas.
Esta é maior massa de água doce que alguma vez vi (é sensivelmente um rectângulo de, em média, 5 por 70 quilómetros), e encontra-se rodeada de viçosa flora e pitorescas localidades, votadas em grande parte ao negócio do lazer, com zonas balneares relvadas e pejadas de pequeno e médio comércio.
Ficámos instalados numa das mais belas regiões do Balaton, a saber, a pequena península de Tihany, da qual sem dúvida se destaca um sobranceiro monte decorado por uma imponente igreja e abadia. Tive a oportunidade de visitar a igreja mais ou menos de rajada e deste modo recolher a informação de aqui se ter em tempos guardado o mais antigo documento em língua húgara de que há conhecimento, e de ter aqui ficado por alguns dias o escorraçado monarca Carlos IV, antes da sua morte e exílio na ilha da Madeira.
Após esta curta visita, juntámo-nos aos nossos simpáticos anfitriões, A. e B., um casal amigo de S. que por aqui mantém casa de férias. O almoço (hão-de perdoar-me estas regulares referências gastronómicas) consisitiu numa agradável sopa de peixe, seguida de um bem conseguido prato de massa com toucinho e queijo de cabra. À tarde, mergulhei pela primeira vez os lombos no simpático lago, experiência curiosa pela surpreendente calmaria das águas e pelo fundo de lamas suaves. Aqui é possível nadar o que se quiser, tal é o sossego e a boa temperatura. Sem dúvida que se tratou de um ponto alto da excursão...
Perto dos nossos arraiais em Tihany, ficava a importante vila de Balatonfüred, à qual nos deslocámos pelo fim da tarde a propósito de um festival de vinho. Tenho dificuldade em corroborar a tese de S. relativamente à superioridade dos brancos húngaros, ainda que fossem agradáveis os por aqui degustados. De igual modo não eram nada maus os tintos, um deles cheirosíssimo, com imensa massa corporal. O festival em si: belíssimo!
Uma lua generosa vigiava a inteira paisagem do lago, por aquela hora nocturna pintalgado de luzes e luzinhas, cenário idílico e perfeitamente ajustado ao torpor que por fim nos acompanhou aos braços de Morfeu.

Sem comentários: