sábado, setembro 06, 2008

Dia décimo quinto. A caminho da Croácia


Dia de estrada, este, com S. sempre ao volante, deveras segura e agradada com a viatura disponiblizada pela agência de aluguer. Após um último banho no Balaton, fundamental para um urgente arrefecimento do corpo, metemo-nos a caminho da vizinha Croácia, numa primeira incursão por solo extra-magiar. O destino final é a casa de A. na ilha de Krk, em pleno Mar Adriático, embora a primeira paragem seja Vara ždin, em tempos capital do território, para um breve encontro com I. e o seu marido. Sucede-me de novo não simpatizar imenso com uma amiga de S., e por conseguinte procurar escondê-lo o mais possível, mostrando os dentes num sorriso mais ou menos forçado. Já na estrada para Zagreb, S. pergunta-me se não os achei simpáticos. Respondo que ela é simpática, sim, apesar de um pouco estranha... A língua tem destes termos vagos e convenientes, capazes de congregar uma série quase infinita de possibilidades semânticas.
De Zagreb, a capital croata, pouco poderei discorrer, por termos lá passado apenas um par de horas, já ao princípio da noite. Encontramos a urbe algo abandonada: também aqui é Agosto e se deslocam as gentes para as suas férias na costa. Do que vi, levo a impressão de ruas bonitas, pitorescas, pejadas de agradáveis cafés e esplanadas, tudo em tamanho mais ou menos reduzido, proporcional à dimensão do país e à histórica compleição da cidade. Uma praça principal mais ou menos movimentada, uma catedral (essa sim) magnânime, e um par de jardins públicos agradáveis, tudo muito elegante e equilibrado. Não chegou aqui, deo gratias, o violento fratricídio balcânico de inícios da década de noventa...
Após o jantar, tivemos o privilégio (acompanhado a dada altura de algum receio) de assistir à trovoada das nossas vidas, um imenso espectáculo de luz abarcando, de ponta a ponta, todo o horizonte diante de nós. Raios, clarões e mais tarde, já a coisa de cinquenta quilómetros da costa, numa região mais montanhosa, uma violentíssima chuva de granizo, intempérie de cobrou de S. toda a sua concentração e competência automobilística. Chegámos à ilha de Krk por volta da uma da manhã, onde A. nos recebeu com copos da muito necessitada aguardente húngara, como que a lembrar que naquele dia havíamos coberto toda uma considerável distância entre as águas do Balaton e as do Adriático.

Sem comentários: