quinta-feira, agosto 21, 2008

Dia sétimo. Mercados, castelo e aniversário de N.




Despertámos hoje pelas sete, eu e S., se bem que para diferentes compromissos. Foram três os meios de transporte que tive de apanhar para chegar ao longínquo mercado de Ecseri (foto), espécie de feira da ladra, onde me desloquei mais por curiosidade que por largura da carteira. Ao chegar, apenas uma mínima parte das bancas está aberta. Pergunto ao senhor que me serve um esplêndido café a razão da ausência de mercadores. Informa-me que, por não ser sábado, só pelas onze há-de aparecer mais gente. Decido não esperar tanto tempo. Dou mais uma volta, seduzido pela perspectiva de encontrar uns candeeiros de cabeceira a bom preço, e regresso ao centro, ao encontro de S.
Antes ainda do encontro, apontado para o meio-dia, aproveito o ensejo para visitar o afamado mercado de víveres, não muito longe do rio, onde se encontra um pouco de tudo, à excepção do peixe, perfeitamente ausente de qualquer banca observada. S. dir-me-á mais tarde que eu com certeza não terei visitado o piso inferior, onde costumam estar as peixeiras e as vendedoras de conservas. Tenho dado por mim com estes desejos de peixe fresco, em confirmação daquela popular ideia de que só se percebe a falta que uma coisa faz quando esta se torna árdua de alcançar.
Tal como em Praga, é aqui o castelo mais uma pequena localidade amuralhada, espécie de apalaçada Monsaraz, do que propriamente uma fortaleza de natureza estritamente militar. Impossível porém dar aqui conta de toda a grandeza e majestade do imperial complexo. Nem os turistas aos magotes conseguiram beliscar a imponência dos pavilhões, das magnânimes estátuas, das escdarias, isto para não falar das simpáticas e arejadas artérias e, claro, da sumptuosa vista sobre o gordo Danúbio. Inesquecível, senhores!
Pelo fim da tarde, cervejinhas com A., a amiga de S. que há-de gentilmente albergar-nos aquando da nossa visita ao grande Lago Balaton. Dá-me este encontro a breve oportunidade de praticar o meu alemão, já bastante enferrujado. Noto que precisei de alguns segundos para acertar com as palavras "visitante" e "morder".
À noite jantamos em casa da aniversariante N. O céu está limpo e estrelado. O breu vai caindo com lentidão sobre as largas copas de árvores altíssimas, enquanto degusto um óptimo vinho branco, aceitando sem qualquer resistência a fadiga que se vai abatendo, embalado que sou pelos imprevisíveis sons da bárbara língua.

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