quarta-feira, novembro 21, 2007

Fábio Aristimunho Vargas

Este foi outro magnífico poeta com quem passei óptimas horas de cerveja e cigarros. Formado em Direito e brilhante tradutor de e para a língua espanhola, Fábio mostrou-se incansável no apoio aos poetas convidados e foi sem dúvida uma das razões pelas quais o festival correu tão bem. Mas sabemos bem que o que aqui interessa é mesmo a poesia. Acabo de ler o seu livro Medianeira (Quinze & Trinta, 2005) e encontro curiosas semelhanças entre nós dois. Julgo que tanto eu como ele gostamos de camuflar no quotidiano a condição de sermos poetas. A escrita intensa é algo que se reserva primordialmente para o papel, num momento íntimo de registo. Não é timidez, é apenas a forma de viver a escrita. Revi-me também na sua intensa ironia, é algo que me diz muito como poeta e, sobretudo, leitor. E depois há aquele poema "Boca & Plágio", no qual me revejo perfeitamente:
Barangueiro
(até) de idéias:
não fale perto
senão eu cato.

De acrescentar que Fábio faz parte do conjunto de novíssimos poetas brasileiros que integraram em conjunto a antologia Vacamarela, naquele que foi um dos momentos mais divertidos do festival em São Paulo (houve outros muito divertidos que não me cabe aqui relatar). Em devido tempo darei conta dos outros poetas que a Vacamarela veio revelar. Para já, fiquem com um dos poemas com que o poeta Fábio Aristimunho Vargas participou nesta antologia, e descubram-no mais no seu blog.

Notícias do vácuo

Hoje os astrônomos decidiram que Plutão não é mais um planeta.
Dizem que Plutão é muito menor que a Terra e até mesmo menor que a lua.
Bobagem.
Muitas vezes já me disse que o mês é bem maior que o meu salário,
mas não deixei de constelar contas e cadastros
e nem por isso os astros deixaram de ser astros.

1 comentário:

Anónimo disse...

Realmente, por mais que desconsiderem Plutão, ele continua no seu lugar...