quinta-feira, novembro 29, 2007

(Faço minhas as palavras de Bocage, com uma ligeiríssima alteração ao soneto original)

Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas:

Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas.

É teu fim, teu projecto encher de pejo
Esta a alma frágil vítima daquela
Que, injusta e vária, noutros laços vejo

Queres que fuja de Sofia bela,
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela.

1 comentário:

Julia disse...

Lindíssimo soneto... Mas por que Sofia e não Marília?