Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas:
Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas.
É teu fim, teu projecto encher de pejo
Esta a alma frágil vítima daquela
Que, injusta e vária, noutros laços vejo
Queres que fuja de Sofia bela,
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela.
1 comentário:
Lindíssimo soneto... Mas por que Sofia e não Marília?
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