sexta-feira, outubro 21, 2011

Dois tiros na cabeça


4 comentários:

Flávio Ricardo Vassoler disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávio Ricardo Vassoler disse...

Olá, João! Como vai, gajo?

Um breve insight para uma ainda mais breve e possível atualização do segundo cartaz: à época em que o socialismo - ou pior, o capitalismo de Estado - ainda agonizava, o inimigo de fato parecia empunhar a arma contra a têmpora da emancipação.

Hoje, onde está o algoz?

Parece que a capitalização da realidade já se transformou em uma segunda natureza.

O despertador que posterga o início do trabalho coercitivo dá o tom para a emancipação que (ainda?) não veio: só mais 15 minutos; só, mais 15 minutos...

Há um autor bem interessante que, na contramão das micrologias medíocres e apologéticas da pós-modernidade, ainda procura entrever o todo a partir da crítica da economia política, João: o alemão Robert Kurz.

Aqui está o link para o texto mais recente dele - por este link você chegará à página em que estão disponíveis ótimos e vários ensaios: http://o-beco.planetaclix.pt/rkurz395.htm

Um abraço,

Flávio Ricardo

João Miguel Henriques disse...

Obrigado Flávio. Na verdade, no segundo stencil, não é de todo claro se o capitalismo é ainda o carrasco ou já um ser condenado à morte... Aceitam-se previsões. Um abraço.

Flávio Ricardo Vassoler disse...

João,

Gostaria de estar entre os muitos coveiros que sepultariam de uma vez este modo de produção abjeto que tanto deformou e deforma a identidade humana ao longo da história.

Há autores - como o Kurz, que mencionei mais acima - que continuam a acompanhar as contradições do capitalismo de modo a apreender sua impossibilidade de reprodução além de um determinado limite interno - para além, então, da questão da extinção da natureza.

O que me preocupa é pensar se a humanidade - que, dialética e contraditoriamente, foi forjada pela própria expansão capitalista - poderia organizar a produção e a riqueza sociais em suas mãos efetivamente.

Não se trata de não apoiar uma tal iniciativa, mas de questionar o grau de coisificação e embrutecimento aos quais fomos submetidos pela sociedade burguesa.

João, suponho que você já tenha vindo a São Paulo. Meu velho, trata-se de uma cidade simplesmente horrorosa. E não me refiro apenas à pobreza enorme que dilacera a periferia. Falo do horror oriundo da própria elite econômica - econômica, devo ressaltar, porque o embotamento intelectual não poderia ser maior.

Imagino que, como europeu, você deva sentir uma tensão social ainda mais forte neste sentido, João, já que a herança arquitetônica e os setores artísticos consolidados têm uma história antiga por aí.

Isso me leva a um ceticismo que beira a náusea.

Será que conseguiríamos estabelecer um modo de produção e vivência efetivos que tornassem a solidariedade que permeia os momentos pós-catástrofes algo duradouro?

O velho Hegel já dissera: "a felicidade narra inúmeras páginas em branco ao longo da História".