terça-feira, outubro 26, 2010

Canção de infância

já noite dentro vimos então um sapo
um vulto escuro e lento
destacado contra o murete caiado
à luz mortiça de uma lua nova

só dias mais tarde, semanas,
lembrados do sapo gordo e nocturno
nos veio à cabeça a tal cançoneta de infância

e o batráquio animal, de boca torta,
pareceu-nos já outra coisa:

o tempo, aquele olhar
a existência

tudo comeu
nem ofereceu

Sem comentários: