Lá fora, à minha porta, o caos completo. Há quem lhe chame reabilitação urbana, eu chamo-lhe o pesadelo medonho. Máquinas às dúzias, num uníssono de ruídos ensurdecedores. Pó em nuvens densas, grávidas de lixo e infecções. Entulho aos magotes, impedindo a circulação dos passos, invadindo os passeios. Trabalhadores aos gritos, telefonias aos berros, o mundo inteiro na iminência de rebentar. E tudo isto, todos os dias da semana, das oito às dezoito.
Fica assim explicado o meu refúgio no campo silencioso, onde só bulem coisinhas prazenteiras e não há grande risco de uma pessoa ser violentada na alma e nos sentidos.
Fui. Estou mais ou menos longe. Só regresso para votar.
1 comentário:
Olá, João!
Meu nome é Flávio Ricardo Bazárovitch - deste outro lado do Atlântico acabei resvalando no seu blog. E acabo aspirando as nuvens de pó, nuvens grávidas, barulhos que amordaçam a audição, estaria você falando de fato de alguma cidade européia? Eu me senti na São Paulo em que vivo - a paulicéia caótica, classista, à beira do desenlace: basta uma batida de trânsito para vermos o quanto a irracionalidade espreita os homens que tudo procuram maximizar racionalmente. Estarei sempre pelo seu blog a partir de agora, João. Convido você a auscultar o Subsolo das Memórias - www.subsolodasmemorias.blogspot.com - o espaço subterrâneo que venho desenvolvendo.
Prazer em "conhecê-lo",
Flávio Ricardo Bazárotivch
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