quinta-feira, junho 11, 2009

Cantina


É tal, por estes dias, o meu apreço pela Cantina da Universidade de Lisboa que chego, na minha desviante cabeça, a relacioná-la onomasticamente com alguma moçoila que se pudesse estimar imenso. Cantina Marta. A existência tem destas curiosas circularidades, o já conhecido vai e vem de pessoas e lugares. Há mais de uma década que não punha os pés no vetusto edifício da cantina, cuja traça caminha já a passos largos para a consagração que os espíritos revivalistas invariavelmente concedem aos designs mais retro. Cantina Isabel. Lembrava-me de filas um pouco maiores que o admissível, de um espaço exterior decadente, dos pratos fumegantes de Inverno, coisas fartas e salgadas que eu insistia em jamais fazer anteceder de sopa. Recordava também conversas e companhias, a invariável sequência de fome, apetite e satisfação, a marcha lenta de regresso às aulas da tarde. Por fim, ficara-me também na memória certa peça de teatro do grupo da faculdade de letras, Cerimonial para o Massacre (se bem me lembro), representada no pequeno auditório que o edifício alberga. Cantina Rita. Fui recentemente desafiado por S. a visitá-la sempre que os afazeres e horários o permitem. Acedi, atraído pela perspectiva de poder almoçar em maravilhosa companhia, de experimentar as afamadas ousadias da cozinha macrobiótica e de pagar pouco mais de duas moedas de euro por um repasto condigno. Cantina Maria. Vejai até que, à falta de cartão de estudante (titular apenas que sou de um duplicado de matrícula), me dei ao incómodo (plenamente recompensado, devo confessar) de providenciar, junto dos serviços sociais, um pequeno cartão exclusivamente destinado ao meu acesso ao depósito de insuspeitos banquetes. A verdade é que se tem comido bem, sem grandes enchentes humanas (mercê da criteriosa escolha da hora de almoço, nunca antes das catorze), e em ditoso usufruto de um jardim exterior em impecáveis condições de manutenção. Cantina Rosa. Pena que as férias académicas estejam já aí à porta, altura em que o pavilhão das iguarias selará temporariamente as suas portas. Terei de comer em casa. Ou na reitoria. Não vou passar mal, como é evidente, mas não é seguramente a mesma coisa.

2 comentários:

S disse...

:)
nyaminyami éljen a finom menza!

AR disse...

Muito bom!
Assinado: Cantina Andreia