Eu já sabia que esta coisa andava por aí. Tinha a esperança de que, se aguardasse com paciência, acabasse finalmente por chegar até mim, para eu abraçá-la. E chegou por via do inevitável Cálssio, claro, do qual gerações futuras cantarão loas e os gloriosos portentos. O desafio, conforme me foi colocado, consiste em escolher um livro ao calhas da estante, abri-lo na página 161 e dar a conhecer a quinta frase dessa página. A graça disto é vária: reproduzir um movimento de mão e leitura que se vai repetindo por diversos domicílios, partilhar um ou outro título mais obscuro que habite a nossa biblioteca, ou simplesmente satisfazer um qualquer estranho voyeurismo alheio. O perigo da coisa também não é menos evidente: uma pessoa submete-se às estranhas leis da aleatoriedade e se sai uma frase perfeitamente adequada ao estado de espírito presente ou apropriada à própria existência, não restará ao indivíduo outra solução que não o imediato suicídio perante o insustentável peso da coincidência. Como já terão percebido, por eu estar aliás a escrever estas linhas, desse perigo acabei eu por livrar-me. Fui de dedo em riste para a estante e calhou-me o Dai Nippon do nosso Wenceslau de Moraes, numa colorida edição brasileira com a chancela da Nórdica:
A proprietária do estabelecimento deu-nos do caso uma explicação plausível: o aposento destinado às damas achava-se em concertos.
Gostava de passar o desafio a outra gente, como parece aliás ser da praxe, mas não tenho amigos com blogs.
3 comentários:
Por falar em desafios se quiseres tens um no meu blogue ;)
Vi o teu na diagonal mas tenho de explora-lo melhor. So far so good.
Mas poder-te-ia pedir a funcionalidade de "seguir" para nao perder este blogue?
Um abraço
Quando abres a tua página do blogger.com, Daniel, tens um espaço dos blogs que estás a seguir. Em baixo, é só carregar no adicionar blog e pôr lá o url ;)
Como assim, "não tenho amigos com blogs"?
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