domingo, fevereiro 15, 2009

Namora


No ano em que se assinala o vigésimo aniversário da morte de Fernando Namora, e depois de em tempos termos trazido aqui um poema do seu livro Terra, voltamos a recuperar-lhe a poesia, género em que acabou por notabilizar-se menos, por comparação com a obra que deixou como romancista. Retirámos "Entardecer" do seu segundo livro de versos, Mar de Sargaços:
O dia morre contigo. Deixa que os teus braços pendam
sobre a hora que não tarda.
A tua túnica ondeia como um verme espreguiçado.
Os teus mamilos já não fremem: a hora cobre-te a nudez.
A primeira estrela subiu e veio depor o beijo sobre a tua fronte
[suada.
As aves estão contigo. Abrigam-te as lágrimas serenas nas
[suas asas de crepe.
Pronto. Cerra os olhos. É o fim.

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