quarta-feira, setembro 24, 2008

Dia último. Compras. Despedida


Dia para atar os nós que faltam. S. tem várias coisas a fazer, a mais interessante das quais se prende com a aquisição de uma flauta, compra que já há muito planeava fazer. Saio de casa sozinho, pelas onze da manhã, com o intuito de visitar dois estabelecimentos comerciais. O primeiro é um pequeno bazar de antiguidades e relíquias, com grande sortido de gravuras e objectos de decoração. Merda! Está fechado para férias até à próxima segunda-feira. No segundo há também posters antigos e livros em segunda mão. Passo lá um bom bocado, mas acabo por não comprar nada. Quero estar no exterior, despedir-me das ruas da cidade, vaguear um pouco antes do almoço.

Encontro-me com S. para comer qualquer coisa e vamos depois para o mercado, onde ela me ajuda a escolher uns souvenirs alimentares para a família mais próxima. Isso de recuerdos sem utilidade já deu o que tinha a dar. Pessoalmente prefiro coisas que se comam ou bebam, produtos do labor agrícola que possam proporcionar às papilas alguma nova experiência.

S. vai à sua vida durante o resto da tarde e eu por ali fico, perto do mercado, no simpático jardim do Museu Nacional. Percorro depois lentamente a circular e volto a sentar-se a ler, na Praça da Liberdade, onde um polémico monumento celebra a libertação da cidade em 1945 pelo ditoso exército vermelho. Diante do monumento encontra-se plantada uma tenda de protesto, lembrando o terror que, após a Segunda Guerra Mundial, os soviéticos infligiram ao povo húngaro.

Encontro-me de novo com S. numa esplanada em frente à Estação do Oeste. As coisas não lhe correm bem, está muito inquieta. A falta de tempo pode ser incrivelmente opressiva. Depois de uma cerveja, visitamos a sua amiga Sari, professora de inglês e conhecedora de russo. Acabamos num pequeno bar conversar sobre preconceitos raciais. Despedimo-nos.

O dia está a terminar. Também a nossa estadia. Tempo ainda para um jantar a dois na Praça Liszt. Reparo que não chegou a esmorecer por completo o bom tempo durante estas quase três semanas. Hei-de regressar aqui, estou seguro. Talvez aprenderei a bárbara língua em todos os seus insuspeitos cambiantes. Há-de em todo o caso restar esta tosca notícia de uma viagem maravilhosa. Como diria o poeta, também a memória é algum conhecimento.

1 comentário:

camaleonica disse...

Se poderes passa no meu cantinho e deixa a tua palavra segura e sincera.
um beijo