quinta-feira, setembro 11, 2008

Dia décimo sétimo. Omisalj. A praia


Dia de sol. Já pelas dez nos percebemos de que irá estar calor. Saímos com A. para almoçar na localidade de Omisalj, onde somos elucidados acerca dos malefícios da aí estabelecida refinaria. Ainda assim, isso faz com que por aqui haja menos turistas e as simpáticas ruas nos pareçam, por conseguinte, mais aprazíveis e genuínas.
Depois do almoço, cruzamos a ilha de norte a sul, rumo a uma das praias de Stara Baska, a preferida de A. Este é sem dúvida um dos mais belos pedaços de costa que alguma vez vi na vida. Descemos por um caminho íngreme e rugoso até uma pequena enseada coberta de pedrinhas e rodeada de montes a pique, todos feitos de rocha áspera, despidos de vegetação frondosa e habitados por algumas simpáticas ovelhas que por ali vão desbastando os rasteiros arbustos. À nossa frente, o tranquilo Adriático com a mais límpida água que alguma vez experimentei, em parte pelo facto de o seu fundo ser de alga e rocha, com pouca areia. A água está à temperatura ideal para refrescar o corpo, e o sol, por esta já tardia hora aconchegante, acaba por induzir-me a uma sesta maravilhosa, da qual desperto uma hora depois, com um fio de baba a escorrer-me pela cara. Esta ilha é um sonho. Imagino como seria há um par de séculos atrás, semideserta, selvagem, espécie de réplica perfeita de uma qualquer generosa concepção do éden.
Jantamos mais tarde num pequeno e familiar restaurante no interior da ilha, longe de italianos e alemães. Somos aí familiarizados com o extraordinário prato croata de carne de borrego e uma espécie local de massa. O molho é delicioso e o vinho branco escorrega como poucos portugueses.
Dia equilibrado, perfeito. O descanso que se segue não lhe fica atrás. Pena que amanhã teremos já de prosseguir ccaminho. Suponho que o peso da efemeridade deva ser atributo comum a todas as coisas boas da existência humana.

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