segunda-feira, setembro 15, 2008

Dia décimo oitavo. Eslovénia


Após um último e brevíssimo banho no Adriático, junto a uns pequenos rochedos perto da casa de A., arrumamos a trouxa e, conforme delineado, seguimos para norte, rumo à Eslovénia. Fazemos um desvio por Rjieka, a italiana Fiume, e daí pela requintada costa balnear da Istria: Opatja, Lovran e, por fim, a mágica localidade de Mošenice, sobranceira sobre o mar, com o seu emaranhado de mínimas ruelas, tudo em pedra lavada, como uma espécie de medieval aldeia de fadas. Melhor despedida da Croácia não poderia imaginar-se. Estamos consolados na alma e no corpo. O sol persiste em acompanhar-nos, suave e prazenteiro, e do Adriático ficamos com a certeza, ou pelo menos o firmado desejo, de um futuro regresso.
Atravessamos depois a fronteira, onde a funcionária eslovena nos recusa educadamente colorir os nossos passaportes com um carimbo do país, "por estarmos na união europeia". A paisagem muda radicalmente, conforme S. já me prevenira. Talvez se deva isto à proximidade dos Alpes: por todo o lado o verde, com manchas gigantes de árvores, montes cobertos de bosques cerrados e, nos vales, campos de erva fresca. As pequenas aldeias, onde por todo o lado se amontoa já a lenha em abundância para o Inverno, são perfeitos pontos de equilíbrio com a natureza. Tudo limpo, tudo em sossego absoluto.
Frustradas as tentativas de encontrar cama nos campestres arredores de Ljubliana, fazemo-nos à capital eslovena, onde chegamos já noite escura. O tempo está ameno e a cidade tranquila. Decidimos dar um passeio pelo centro, pelas margens do rio repletas de sofisticadas esplanadas, de novo tudo impecável e cheio de bom gosto, muito mais próximo do nível da vizinha Áustria que do dos outros países da ex-Jugoslávia. Aos eslovenos não lhes chega a faltar mesmo o mar, graças a uma mínima faixa costeira que quaisquer esforços políticos, fundados em sabe-se lá que argumentos, souberam preservar. Numa das mais emblemáticas praças de Ljubliana, o poeta nacional Prešeren lança o olhar para uma janela do outro lado, no edifício da qual podemos obsevar o baixo-relevo da sua amada Julia, a quem o poeta dedicou sonetos em grande quantidade. O amor é por aqui fácil de imaginar...
Retiramos depois à pousada da juventude onde estamos alojados, com a intenção de despertar cedo e poder ainda visitar a cidade durante algumas horas à luz do dia.

Sem comentários: