quinta-feira, junho 19, 2008

Da literatura

Olha, meu amigo, eu de literatura nada percebo... mas em Mátészalka, onde fiz o serviço militar, íamos por vezes quer à casa da cultura quer à casa das meninas. Bem, posso garantir-te que o bordel cigano em Mátészalka era um instituto modelo comparado com tudo o que ouço dizer sobre literatura. Ali, ao menos, um cavalheiro sabia o que o esperava em troca do seu dinheiro, e, tudo combinado, o mais que o dono acrescentava era : "Caro cavalheiro, dê mais dez que, assim, a Valeszka também tira a camisa." Repito, eu de literatura nada percebo. Mas percebo de bordéis, e, quando jovem, era com gosto que financiava estas empresas. E, feitas as contas, tenho de admitir que nada havia de pior do que aquilo que hoje se chama literatura.
A Mulher Certa, Sándor Márai (Dom Quixote)

Sem comentários: