Com selecção, organização e introdução do incansável Claúdio Daniel, e incluída na belíssima Colecção Anti-Matéria que dirigem os poetas Rui Costa e André Sebastião, esta Antologia de Poesia Brasileira do Início do Terceiro Milénio é uma novidade editorial a que não podíamos deixar de dar algum destaque. Não só pelo extraordinário objecto que é, como pelas novas vozes (umas mais novas que outras) que por ali se encontram e escutam. Fiquei muito feliz de ver por aqui a Andréa Catrópa (como vai essa simpática família?), o Delmo Montenegro (que saudades das tuas leituras), Eduardo Jorge (a quem já aqui dedicámos um textozinho), o meu amigo e professor carioca Leonardo Gandolfi, o Thiago Ponce (que pena não estar neste livro a tecelã), e claro, a Virna Teixeira, única responsável por eu ter tido a oportunidade de conhecer tantos amigos e poetas brasileiros no final do ano passado.
Dos dezoito poetas que aqui encontramos, não posso deixar de falar do Nícollas Ranieri, poeta de Uberaba e o mais novo da antologia. Em relação à sua poesia, vou deixar que adquiram esta antologia para assim poderem conhecê-los a todos (são uns módicos seis euros, mais barato que um almoço de dia de trabalho). Mas deixo-vos aqui um poema meu que dediquei ao Nícollas no último mês de Novembro, altura em que nos conhecemos em São Paulo. Espero mesmo que ele o leia.
VILA BOIM, ANGÉLICA, PAULISTA
(A PROPÓSITO DE UM PASSEIO COM O POETA NÍCOLLAS RANIERI)
tu, faz como sói ler-se em muitas ruas
de são paulo, em todas elas, não mais me esqueço:
nunca feche o cruzamento
e eu completo, e reformulo, se me permites
tu bem precisas:
nunca feches ao coração, tu nunca cerres
o cruzamento dos sentidos, os lumes todos
nunca feches ao teu corpo as marés grandes
o cruzamento fluvial sobre os teus anos
jamais, tu obedece, e nunca feches
o cruzamento destes ventos sobre as ruas
e também do dia o ouro, e a sua areia
(A PROPÓSITO DE UM PASSEIO COM O POETA NÍCOLLAS RANIERI)
tu, faz como sói ler-se em muitas ruas
de são paulo, em todas elas, não mais me esqueço:
nunca feche o cruzamento
e eu completo, e reformulo, se me permites
tu bem precisas:
nunca feches ao coração, tu nunca cerres
o cruzamento dos sentidos, os lumes todos
nunca feches ao teu corpo as marés grandes
o cruzamento fluvial sobre os teus anos
jamais, tu obedece, e nunca feches
o cruzamento destes ventos sobre as ruas
e também do dia o ouro, e a sua areia
5 comentários:
Belo poema ao Nícollas, meu caro, muito belo mesmo.
A tecelã está andando com novos pés a cada hora, vez ou outra volta ao metro que sabe, outras erra para andar de novo.
Abraço grande.
E com a consulta a um blogue de poesia se aprende o verbo "soer". Sói.
Mói.
Herói.
erm... boy?
O poema é muito bonito.
E, de facto, não sói conhecer, ou mesmo empregar, o verbo "soer".
Vocabulário camoniano.
Corrói.
Tolstoi.
dodói.
Lindo o seu poema, João Miguel. Um beijo. Lígia
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