À luz agora de uns meses valentes, olho para o meu primeiro livro, esse grotesco rebento, com um misto de ternura agrícola e remorso de plágio. Não aquele plágio em sentido estrito, o plágio gritante de uma Kaavya Viswanathan, o que gera controvérsias intermináveis. Mas em todo o caso uma inspiração evidente, uma imagem aproveitada e reproduzida em contexto diferente, a manutenção de uma mesma estrutura sintáctica, a utilização do mesmo tipo de momento inesperado sob o signo de uma tristeza profunda. A interminável amargura de Thomas Bernhard, esse antigo mestre.
Tenho à minha frente os dois livros, o meu e o dele. Conheço perfeitamente a fonte acidental de uns três versos meus. E também o poema de Bernhard que terá motivado este meu outro. E vou desfolhando ambos os livros e descobrindo outras paráfrases, ali um verso que podia ser dele, e mais acolá três ou quatro palavras que os meus lábios, em certas condições, teriam pronunciado.
Estou em boa companhia, na tradição do mestre antigo.
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