segunda-feira, dezembro 12, 2005

Depois do Inverno

do outro lado do muro
bem por cima do meu ombro
há um arbusto de neve e cansaço

na sua linguagem estranha
feita de formas, pequenos indícios
diz-nos que há-de chegar a idade
o momento solto
passada a estação de inverno

a neve cairá dos ramos
e à volta do tronco esguio
há-de acabar por secar a terra

(o repouso do cão abandonado
um retiro de amantes
o velho com o suicídio na cabeça)

e eu haverei de sair da biblioteca
para vir cantar o arbusto centenário

2 comentários:

AR disse...

Sempre em grande amigo. Já tinha saudades de um poema destes... Gostei imenso.

Anónimo disse...

Mt bom...