1
ruboriza-se a face
ao escárnio do tempo
atemoriza-se a face
grade
grito
grão de pele
a meios vários
e engendramentos
recorre a carne
aflito o corpo
fazendo fé em fugazes salvamentos
2
porque sendo marca grave
de profunda marcação
e doentia
não permite ao dorso lento
mais que plácido lamento
ou orgânica ardentia
3
e move-se por acção do fulgor mais obscuro
largando à superfície do torso submisso
um vergão a lembrar incêndios
afoita a marca
isenta de água
exigirá mais tarde do dia
lenitiva superação de membros
de tudo isto se compondo
ou dissolvendo
vai somando o corpo os seus desastres
4
e ao mesmo tempo inclina-se a fronte
sobre o corpo há muito sentado
alvoroçando com um sopro somente
a penugem dos joelhos incautos
ademais empreende com isso
ranhura de carne a meio-torso
logo tornada
instaurado o calor
rego ou canal de águas salgadas
5
após o tumulto de nervos e vasos
em findando a borrasca
estabelecido já o repouso
enclausura-se o corpo
em sereno aforro de esforços
à noite reclamarão os sentidos
trégua de sono manso
ou travo de abandono
6
e em folgando o corpo de seus labores
ilibado já de diligências
de cargas enormes
de nefandos rigores
tem início no quarto
distensão espontânea de fibras
dilatação de carnes
o olhar percorre as paredes
em busca de um ponto de repouso
e a boca verte salivas
pelos queixos com pêlo
pelo pêlo dos peitos
superado o assalto
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