terça-feira, dezembro 28, 2010

Um poema de László Nagy (já que termino o ano por estas bandas)

Quem levará consigo o amor?

Quando a minha existência tiver sido absorvida
Para sempre, quem prestará culto ao violino que há no grilo?
Quem bafejará de fogo os ramos enregelados pela geada?
E quem irá mutilar-se a si mesmo em cima do arco-íris?
Quem em lágrimas há-de enlaçar coxas como penhascos
Até as transformar em campos que ondulam mansamente?
Quem há-de acariciar os cabelos, as artérias
Que têm a sua raiz presa aos muros,
Quem levantará por fim catedrais de injúrias
Em louvor de crenças desfeitas?
Quando a minha existência para sempre for absorvida
Quem espantará os abutres?
Quem levará consigo para a outra margem
O Amor, apertado entre os dentes? 

(Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão)

1 comentário:

S disse...

de szép!!!