sábado, julho 17, 2010

Piscina pública


Então ouçam lá isto que me aconteceu, que é só para se darem conta de como sou pateta, uma espécie de tolo risível. Estou eu numa das várias piscinas públicas de Liubliana, a ver se me refresco minimamente do bafo insuportável que se faz sentir, quando me sobrevem uma daquelas grotescas erecções para as quais não há explicação aparente. Tudo bem, sinto-me à vontade. Ninguém vai reparar naquilo, e por isso lá continuo eu a nadar à cão de um lado para o outro, a assistir ao lançamento de corpos aos uivos por velozes escorregas de água. 
Só que os minutos passam e o real menir não dá sinais de desvitalização. Começo a ficar com frio, quero sair para a tolha, senhores! Quero apanhar sol, secar-me! Mas o vigor teima em persistir. Não se vai embora por nada deste mundo. Alguém lhe meteu na cabeça, o grande parvo, que poderá consumir-se ali, num espaço de uma piscina pública. Está doida, a criatura.
Adopto então algumas estratégias de comprovada eficácia com vista à desvitalização fálica sem ejaculação. Em primeiro lugar tento esvaziar a mente de qualquer tipo de pensamento, na esperança que a coisa murche por solidariedade com o intelecto vazio de conteúdo. Fracasso! Enveredo então de seguida pelo chamado pensamento anti-erótico, exercício que consiste na figuração mental de todo um conjunto de cenários repugnantes, os quais, supostamente, ferem de morte a libido afoita. Supostamente! Não desarma, o desalmado pacheco. Aquilo é um teatro de velhas gordas a comerem cagalhões, deficientes a vomitarem o jantar para cima de familiares, e até, aquilo que para mim é o mais repulsivo cenário imaginável meias a roçarem em tapetes ou noutros pares de meias. Tudo imaginou esta mente perversa. Mas nada, caramba!
Já em ponto de hipotermia, mando tudo para o inferno e decido sair da piscina assim mesmo, de pau feito. Ensaio porém, à cautela, o frágil procedimento de entalar a ponta do pénis endurecido no elástico do forro dos calções de banho. Aquilo até começa por correr bem. Subo os degraus para sair, meio curvado, e dirijo-me para a toalha. Mas o sardão põe-se a resvalar da prisão que eu lhe improvisara e está quase a manifestar a sua ofensiva presença. Ponho-me então a andar mais depressa, meio aos saltinhos, como aquelas senhoras a correr para apanhar o autocarro. Vou também mais curvado,ainda a dar completamente nas vistas. Imbecil quasimodo! Se tivesse caminhado lentamente, de costas direitas e coiso  espetado, a assobiar o hino do Glorioso, teria sido mais discreto. É que quase a chegar ao meu poiso, negligencio um pequeno degrau de pedra e tropeço com todo o aparato. Bati com as unhas, caí de fuças e agora está toda a gente a olhar para mim: um gajo estranhíssimo, contorcido de dores, com um tesão desenfreado a querer irromper pelos calções. Prendam-me já, amigos! É mais que justo.
Embaraços e padecimentos à parte, passou-se uma boa tarde na piscina de Kodeljevo, em Liubliana. Faz muito calor por aqui. As montanhas que rodeiam o burgo mantêm aprisionada a canícula e escassa é a aragem que oferece algum lenitivo.

5 comentários:

João Rasteiro disse...

Medricas...com medo de elas te saltarem para cima!
Olha, à caute4la, para a próxima leva gelo para a piscina e cuida-te, já percebi que o cloro da piscina de Liubliana é muito bom!!!!!!!!!!!!!eh, eh, eh.
Abraço,

joão rasteiro

João Miguel Henriques disse...

Obrigado pelo conselho, João :)
E grande abraço.

Nuno Lebreiro disse...

ahahahahahahaha já tinha ouvido falar de sacripantas eslovenos que colocam viagra em sumos naturais nos bares das piscinas públicas e que filmam as reacções para colocarem em sites cibernéticos... Põe-te a pau!... eh... Atento, quero eu dizer :P

S disse...

estás a ver, o teu texto tem o seu efeito! tu!
kuki!

An7ónio disse...

Também quero ir a essa piscina.