sábado, junho 26, 2010

Relato abreviado de uma viagem


Dizemos adeus linda princesa, com a viatura atestada até ao máximo. Na Covilhã, uma francesinha pelo almoço e sete batatas na televisão. E depois por essas espanhas fora, quentes e façanhudas províncias, com a paisagem a subir lenta e imperceptível. Primeira paragem para dormir nas imediações de Burgos, no coração de Castela. Faz frio e o povoado está deserto. Piquenique de queijos e vinho no quarto do hotel, com vista para a auto-estrada. Acordamos cedo, e passadas algumas horas estamos já do outro lado dos Pirinéus. Biarritz, elegante e já polvilhada de sol e banhistas presumidos. Vamos seguidamente paralelos à costa sul, até nova dormida, desta feita em Carcassone, tantas vezes sonhada em certo jogo de tabuleiro. Visitamos pela noite o burgo medieval, um cenário mágico, conservado no tempo. E depois recolhemos a repousar no mais pequeno quarto de hotel da história. Arrancamos ao terceiro dia sem estabelecimento aberto para pequeno-almoço, e metemo-nos por isso à estrada de estômago vazio. Condução ingrata até Itália, numa infindável sucessão de túneis e viadutos retorcidos, com a habitual horda de camiões a complicar as coisas. Perdemos a localidade do hotel por sessenta quilómetros, ficamos exaustos. Mas a recompensa aguarda-nos num quarto luxuoso, de quatro estrelas, no meio do nada, apenas justificado por um centro de congressos e um complexo de sete salas de cinema. O pequeno-almoço do dia seguinte é copioso. Entramos na derradeira jornada. Atravessamos as províncias do norte de Itália e almoçamos algumas iguarias locais na pequena vila de Spinea. Entramos na Eslovénia pela tarde, e a paisagem de montanhas e bosque espesso vai ganhando força. Entramos por fim em Liubliana em dia de feriado da nação, o que tomamos por bom augúrio. Os romanos chamavam-lhe Emona. Eu ainda lhe hei-de arranjar um nome só para mim. 

3 comentários:

João Rasteiro disse...

Boas entradas, boas estadias, boas vivências, boas conquistas, boas escritas...enfim BOAS!

joão rasteiro

João Miguel Henriques disse...

Obrigado meu amigo.
Um abraço para ti.

Unknown disse...

Belo relato de viagem, amigo João. Olha que ainda quero saber o que achou V. Exa. da poesia de Ruy Belo e Gregório de Matos. E se algum dia reactivares o skype não te esqueças de me informar. Por cá tudo bem. Ou tudo mal, como sabes. Escreve sempre. Para mim. Aqui. Ou para deleite dos leitores dos teus livros.
Um abraço.