segunda-feira, junho 27, 2005

Memorial ao desastre de Gretna




um casal de idosos cansados
calcorreia os caminhos estreitos
por entre campas do século passado

Rosebank Cemetery
mesmo diante da minha janela
onde, há falta de maior ousadia,
sequer arrisquei uma visita

evitam agora o portão mais a norte
decerto que buscam
alguém muito próximo
algum parente adormecido
um amigo distante

em Rosebank Cemetery
sob a luz que vai minguando
em frente à janela do quarto

também aqui repousam soldados
duzentos e vinte e sete
colhidos há muitos anos
perto da terra de gretna
por tragédia ferroviária

muitos eram daqui
bem perto do cemitério
viajavam para gallipoli
verdes irmãos de armas
não percorreram nesse dia
mais do que corre uma bala

o memorial é uma cruz de pedra
a poucos metros de onde me encontro
dúzias de corpos armados
escondidos da nossa memória

os velhos pararam num túmulo
estão vergados sobre a laje
depositam flores
e abandonam depois o jardim dos mortos
mas segundo suspeito
não por muito mais tempo

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