domingo, fevereiro 29, 2004

Seis

Junto à pequena esplanada, sob a ameaça de uma chuva inesperada, pai e filho jogam à bola. O miúdo exibe o compreensível egoísmo dos putos pequenos: quase não chuta para golo, envolvendo-se em fintas inconsequentes cujo êxito vai dependendo da natural benevolência paterna. Trata-se de um desinteressante baliza a baliza, de guarda-redes adiantados. Ainda assim não consigo tirar os olhos do jogo.
A dada altura, e após mais uma das tristes incursões do pequeno artista, o jovem pai vê-se na situação de poder picar a bola sobre o inexperiente adversário, perante a baliza escancarada. "Volta para a baliza, vá, corre!". O miúdo parece desorientado, meio correndo, meio esperando pelo inevitável chapéu. "Ainda não, pai! Espera! Ainda não!"
Perante tudo isto recupero da memória um certo desafio no campo da reboleira. Terão sido estas também as palavras de baía ao implacável júlio césar?